quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Minha Descoberta do Linfedema

Oi, gente!
 
Acho que cada um tem uma história diferente pra contar, em relação ao surgimento do seu próprio Linfedema, não é mesmo?
 
Nessa caminhada de corrida contra o tempo para conseguirem me diagnosticar, houve muitos momentos de angústia, traumas, desânimo... Não foi fácil. Mas temos que superar, pois depois de diagnosticado, temos de aprender a lidar com o problema!
 
 Já ouvi diversos relatos de como surgiu o Linfedema nas pessoas, e hoje vou contar a minha história.
 
Bom, tudo começou no ano de 2006, quando eu tinha 22 anos de idade. Nessa época, eu morava numa cidade do interior de São Paulo, para cursar minha Graduação (Ensino Superior) numa Universidade Pública. Em 2006, eu estava no último ano faculdade, e o primeiro semestre já foi terrivelmente corrido: TCC, algumas DPs porque havia trancado a faculdade por um tempo, correria com entrega de trabalhos etc.
 
Quando fui passar as férias em São Paulo, com a família, quase não vi meus amigos. Fiquei atribulada com os afazeres da faculdade, estudando continuamente. No último final de semana de férias resolvi, então, encontrar alguns amigos no sábado. Fomos à uma festa durante o dia, onde passamos o dia todo dançando, se divertindo. Estava muito sol! Fomos embora à noite e, no domingo, passei o dia todo em casa, com a família.
 
Na segunda-feira, havia chegado o dia de eu voltar para o interior, para a volta às aulas. Eu sempre viajava de ônibus até lá, mesmo porque não tinha um carro só pra mim e o ônibus era super confortável. Até chegar ao meu destino, eram 6h de viagem e, como eu já fazia isso há quase 4 anos, já estava acostumada. No entanto, desta vez foi diferente...
 
Cheguei em casa, no interior,  com apenas um pé um pouco inchado, do tornozelo pra baixo. Achei estranho, mas pensei que poderia ter sido da viagem longa e do calor. Também não me preocupei muito, pois não sentia dor alguma. O problema é que esse inchaço não desaparecia totalmente: à noite, quando eu dormia com os pés elevados, ele ficava em seu estado normal; porém, quando me levantava e fazia minhas atividades diárias, ele voltava a inchar. Cada vez ia inchando um pouquinho mais.
 
A partir daí comecei uma saga desesperada para saber o que eu tinha. Os médicos do interior me diziam que eram os meus Rins e só pediram pra eu tomar bastante líquido e usar meia Compressiva - Kendall. Insatisfeita, voltei para São Paulo em um hospital renomado (São Luís) e me internaram de cara (acreditavam que poderia ser trombose, pois a única coisa diferente que eu havia tomado de medicação nos últimos meses era o anticoncepcional).
 
Fiquei uma semana internada e me reviraram de "cabeça para baixo" para encontrar o que eu tinha: todas as especialidades foram estudar o meu caso, e todos os exames davam negativo. Até que o Médico Vascular que estava cuidando do meu caso disse desconfiar de Linfedema, mas não acreditava convictamente porque eu era muito nova e, teoricamente, esta doença só aparecia em pessoas mais velhas.
 
Fui fazer o exame de Linfocintilografia, no Hospital Oswaldo Cruz e nesse exame mapearam todo o meu sistema linfático. Dava para ver onde a linfa não "passava". Era na região inguinal (virilha), mas o médico não conseguiu me diagnosticar com Linfedema, pois o laudo da Linfocintilografia veio como NORMAL e ele ainda estava na dúvida se era mesmo ou não. Fui dispensada do hospital depois de uma semana internada, sem saber ao certo o que eu tinha.
 
Depois disso, fui em intermináveis especialidades em consultórios: gastro, cardio, ortopedista, reumato, enfim... Sempre tinha alguém da família que dava um palpite do que poderia ser o meu inchaço e eu acabava indo... Mas não encontramos nada, pois todos os meus exames estavam normais e nenhum médico tinha ideia do que poderia ser meu inchaço - que agora não estava só nos pés, tinha se estendido para a perna toda direita.
 
Depois de 6 meses que inchou pela 1ª vez (sim, 6 looongos meses...), um Vascular da Beneficência Portuguesa me indicou o Hospital das Clínicas, já desconfiado que poderia ser Linfedema. Ele nos contou que sabia que nas Clínicas tinham médicos que tratavam essa doença e nos encaminhou para lá. Fomos ao Hospital das Clínicas, dias depois, e o Vascular de lá me disse que o Hospital atendia pessoas com Linfedema há um tempão atrás e que, atualmente, o programa havia sido extinto... e que o Médico Vascular Especialista que cuidava deste Programa de Tratamento de Linfedema não trabalhava mais lá. Então, nos passou o nome deste especialista e fomos à procura dele e seu consultório particular.
 
Este médico é o Dr. Mauro Figueiredo Carvalho de Andrade, Vascular especialista em Linfedema. Olhando meu exame de Linfocintilografia, destacou duas hipóteses: ou seria Linfedema mesmo - como alguns médicos já haviam falado - , ou seria um tipo de câncer raro, localizado numa região em que poderia estar dificultando a passagem do líquido (a linfa).
 
Depois de uns dias, fui encaminhada para uma Laparoscopia (cirurgia) para biópsia. O resultado foi negativo e, a hipótese do câncer, descartada. A partir daí, comecei a receber muitas orientações sobre o Linfedema: que é uma deficiência no sistema linfático, é uma doença que não tem cura, que o tratamento é a Terapia Física Complexa entre tantas outras coisas.
 
Meu Linfedema é classificado como Primário / Congênito. Isso quer dizer que já nasci com esta má formação no sistema linfático; só a manifestação da doença que se deu aos meus 22 anos de idade. E não precisa ter uma causa específica para se manifestar. Geralmente ocorre quando retemos líquido demais e, como os vasos não dão conta de levar toda essa linfa, acaba ocorrendo o inchaço. Porém, o membro não volta mais ao normal se não for tratado desde os primeiros dias do fato ocorrido...
 
Começamos então o tratamento que dá muitos resultados positivos, chamado Terapia Física Complexa (drenagem manual no membro afetado, enfaixamento, exercícios linfocinéticos).
Mas o tratamento é um assunto que ficará para o próximo post. Darei mais informações detalhadas nos próximos dias. =)
 
A história é longa né?! rsrs  Mas a jornada foi longa mesmo, e os conflitos emocionais nessa fase são complicadíssimos. Atualmente tenho 29 anos (farei 30 agora em 2014) e a gente aprende bastante coisa nessa vida, como levantar o astral pra não ficar deprê!
 
E vcs? Depois de qual situação surgiu o Linfedema? Como descobriram o Linfedema?
A gente se encontra num próximo post.
Comentem! Suas experiências podem ser valiosas pra muita gente!
 
Beijo,
 
Flávia
 

26 comentários:

  1. Oi, Flavia, tudo bem? Você ainda vai no dr. Mauro? Ele é legal? Me manda mensagem, vamos trocar ideias? Meu email: fermarao@gmail.com beijo e obrigada

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  2. Fernanda, vou te responder por email!
    Pode contar comigo...Obrigada pelo contato ;)
    Flávia

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    1. Olá Flavia! Me chamo Adriana e descobri a doença esta semana. Minha jornada também foi bem longa pois meu pé incha à mais de cinco anos e como você passei por vários médicos que não diagnosticaram o problema
      Somente agora fazendo a cintilografia é que um médico vascular detectou.
      Ainda estou um pouco assustada mas espero saber lidar com o problema.

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  3. Ok Drica! Eu também fiquei bastante assustada com o diagnostico, afinal, não é fácil aceitar uma doença crônica, que não tem cura, deforma o membro e acaba com a nossa autoestima. Para homem, também deve ser difícil, mas acredito que pra mulher é mais ainda, a gente gosta de usar sandália, saia, etc... Coisas que só mulher entende rsrs
    Mas o que eu queria dizer pra vc é que, apesar de não ter cura, tem tratamento. E como alguns médicos já me disseram, ninguém morre de linfedema, basta cuidar pra não pegar infecção, fazer exercício físico, não engordar, realizar a terapia física complexa direitinho.
    No início é mais difícil essa fase de aceitação. Mas se sentir necessidade, não tenha medo ou vergonha de procurar ajuda psicológica com algum profissional. Eu procurei e foi MUITO importante pra mim. Fiz terapia por uns 3 anos e foi importantíssimo. Os amigos, a família e pessoas próximas tentam ajudar, mS elas também não sabem muito bem o que dizer nestas horas e acabam até piorando a nossa situação. São bem intencionados, mas é complicado... Sugiro um terapeuta, porque não é fácil não.
    Fique a vontade se quiser me escrever pra trocar ideias, tirar dúvidas ou mesmo só conversar. Senti muita falta disso quando fui diagnosticada. Meu e-mail é fla_bm@hotmail.com. Um beijo e se cuide💋

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  4. Quem tem linfedema pode praticar zumba.

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  5. Quem tem linfedema pode praticar zumba.

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    1. Não conheço contraindicações para nós, portadores de linfedema, praticar zumba. Acredito que não tenha problema. O que não é recomendado são exercícios de impacto, como corrida, jump, etc ou ainda musculação com muito peso. Isso piora o linfedema .

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  6. Oi Flávia! =)
    Hehe como as coisas são...
    Tb tenho um linfedema, só que o meu é n a mão direita e surgiu assim, exatamente como descreveu, do NADA. Eu tinha 10 anos qdo minha mão começou a inchar e a corrida aos médicos foi iniciada. Não tenho ideia em quantos especialistas de mão eu fui (fora todas as outras especialidades, claro! É bem o que vc disse, onde recomendam a gente vai hehe). Ate chegar ao Dr Mauro. Lembro que ele me dizia que eu tinha sido a primeira criança que ele tratou e até hj me considero paciente dele (22 anos dps).
    Minha vida é absolutamente normal! Claro que por conta da minha mão gordinha (no verão fica bem mais inchada que o normal...) tenho cuidados com manicure, machucados e tals (como qq pessoa!)...a fase difícil era e criança msm: mexer na terra, areia, querer fzr a própria unha e coisas que crianças fazem rs).
    Nunca fui privada de nada por conta disso. Acho que qualquer coisa que estimule nossa circulação faz bem inclusive esportes!!
    Nunca pensei que essa história da minha vida pudesse virar um depoimento hehe mas já que virou, fique tranquila pq sua vida vai ser completamente normal!
    Bjinho pra vc!

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    1. Oi Carol!
      Desculpe a demora em responder.
      Pois é, acredito que com o tempo a gente vá se acostumando com a doença e vai levando uma vida normal, porém, respeitando os limites de cada um.
      Hoje eu sei que tenho que trabalhar meio período, tenho que maneirar no peso e não engordar, tenho que ingerir bastante água principalmente no verão, tenho que deixar de ser preguiçosa e praticar atividade física, e o mais importante de tudo: não ficar sem a bendita drenagem e a meia elástica. Sem elas eu não sou nada rsrs Eu nem me importo mais de usar meia, depois que eu descobri a Jobst acabou a minha insatisfação de usar meia. E a drenagem, eu fiz a besteira de parar por 3 anos, e minha perna deu uma piorada considerável (parei porque fiquei sem convenio médico, e infelizmente a drenagem tem um custo que não consigo arcar sozinha). Só tenho medo na gravidez. Mas também também já decidi que não vou deixar de ser mãe por causa da perna. Se eu deixar de ser mãe,será por outras razões.
      Fique a vontade para escrever quando quiser.
      Um beijo!

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  7. Oi Flávia! =)
    Hehe como as coisas são...
    Tb tenho um linfedema, só que o meu é n a mão direita e surgiu assim, exatamente como descreveu, do NADA. Eu tinha 10 anos qdo minha mão começou a inchar e a corrida aos médicos foi iniciada. Não tenho ideia em quantos especialistas de mão eu fui (fora todas as outras especialidades, claro! É bem o que vc disse, onde recomendam a gente vai hehe). Ate chegar ao Dr Mauro. Lembro que ele me dizia que eu tinha sido a primeira criança que ele tratou e até hj me considero paciente dele (22 anos dps).
    Minha vida é absolutamente normal! Claro que por conta da minha mão gordinha (no verão fica bem mais inchada que o normal...) tenho cuidados com manicure, machucados e tals (como qq pessoa!)...a fase difícil era e criança msm: mexer na terra, areia, querer fzr a própria unha e coisas que crianças fazem rs).
    Nunca fui privada de nada por conta disso. Acho que qualquer coisa que estimule nossa circulação faz bem inclusive esportes!!
    Nunca pensei que essa história da minha vida pudesse virar um depoimento hehe mas já que virou, fique tranquila pq sua vida vai ser completamente normal!
    Bjinho pra vc!

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  8. Meninas, tenho passado por isso sem saber meu diagnostico, nenhum médico conseguiu descobrir o meu problema que é num único pé, fiz todos os exames. Mas este post irá me ajudar muito a encontrar um bom profissional que possa me ajudar com esta questão ;-)

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    1. Elaine sem você quiser indicações de profissionais me avise! Conheço em SP (capital e interior), MG E PR

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  9. Oi Flavia, minha irmã está sofrendo com linfedema. Poderia me indicar um especialista em São Paulo.
    Meu email é renatasciotta@hotmail.com.

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    1. Renata
      O médico que eu confio de olhos fechados é o Doutor Mauro Fiqueiredo:
      rua Barata Ribeiro, 237 - And-5 cj-56 - - Bela Vista - São Paulo, SP - CEP: 01308-000

      fone:(11) 3129-4234
      Ele não aceita convenio médico, atende apenas no particular.

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  10. Boa tarde Flavia. Minha irmã está com linfedema. Poderia nos indicar um especialista em SP? Meu email é renatasciotta@hotmail.com. Obrigada.

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  11. Fui diagnosticada hoje com linfedema pós mastectomia. Desde o dia 31/5 meu braço começou a inchar. Graças a Deus meu diagnóstico foi rápido. Agora tenho que correr atrás de um vascular, que provavelmente será o dr.Mauro
    Obrigada por nos ajudar

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    1. Olá Regina!
      Você foi no Doutor Mauro?
      Gostou?
      Está fazendo drenagem com a Marlise?

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  12. Ola Flavia meu caso é muito parecido com o seu mesma idade mesmo membro primário /congênito pq nos não é ?😢queria trocar umas duvidas com VC . meu email carlapetrucci16@gmail.com

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  13. Ola Flavia meu caso é muito parecido com o seu mesma idade mesmo membro primário /congênito pq nos não é ?😢queria trocar umas duvidas com VC . meu email carlapetrucci16@gmail.com

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  14. Meu nome é Lourdes, tenho 60 anos, e já esqueci os anos que lido com o meu edema linfático. Já ouvi muita bobagem de médicos como seus pés incham porque é gorda". Aprendi a lidar com o problema, que no meu caso atinge os dois pés, mas ultimamente eles andam mais inchados, e entrei aqui para pesquisar um vascular que entendesse do assunto, a maioria desconhece ou não se interessa. Peguei os dados do Dr.Mauro, e vou agendar consulta com ele.
    Obrigada Flávia pelo seu relato.

    Abs.

    Lourdes.

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  15. Agora com 37 anos descobri que tenho linfedema.Pé direito começou a ficar enchado do nada.Depois de 1 ano indo pra varios médicos descobri.Vou começar fisioterapia,tomar remedio e exercicio fisico ja fazia musculação a medica mandou continuar.Ja fazia musculação antes de começar meu pé enchar.Muito estranho isso pra mim.

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  16. Boa tarde Flávia....gostaria muito de tirar umas dúvidas com vcs.acredito q tbm tenho linfedema

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  17. Tenho linfedema e fui paciente do Dr. Mauro, melhor médico da minha vida.

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