Quando os 30 chegaram, batendo à
minha porta, posso dizer que muita coisa mudou. Muita gente diz que
fazer 30 anos não muda nada, mas acredito que no meu caso, mudou e
muito!
Claro que minhas transformações já estavam em processo
mesmo antes dos 30, mas é exatamente na década balzaquiana, que uma
inédita maturidade e diferente forma de ver as coisas, vem à tona.
Meu lindefema se manifestou em 2006, quando eu tinha apenas 22 anos. EU
estava prestes à terminar minha Faculdade de Pedagogia, no interior de
SP.
Quantos planos eu tinha pela frente...?
Quantas metas eu tinha para alcançar...?
Quanta vida eu tinha pra viver?!?!
Quantas metas eu tinha para alcançar...?
Quanta vida eu tinha pra viver?!?!
Do dia para a noite, apareceu uma doença que começou a me limitar em
praticamente tudo na minha vida: roupas, festas, trabalho, viagens e,
acima de tudo, autoestima.
Fiquei assustada com tudo o que estava
me acontecendo e me perguntava, todo santo dia, ao acordar, se eu
aguentaria tudo isso até o fim.
Se naquela época, eu não
conseguia imaginar como seria meu dia seguinte, minha próxima semana ou
minhas próximas férias, diante de tanto sofrimento e dúvidas, como eu
conseguiria me imaginar dali a 10 anos?!?!
Ahhh,como eu gostaria de poder voltar no tempo e poder dizer àquela menina de 22 anos que tudo DARIA CERTO!!!
Hoje olho pra trás e vejo quão guerreira eu fui, superando todos os desafios que aquela idade e o grupo social daquela faixa etária exigia.
Era preciso estar presente em eventos sociais com os amigos e família,
por pior que estivessem minhas condições emocionais. Era ter força,
garra e determinação para conquistar e dar conta de bons trabalhos. Era
ser uma boa filha. Era ser uma boa namorada. Era ser alguém que eu mesma
me orgulhasse de ser.
Diversas vezes, eu não conseguia fazer tudo o que eu mesma me cobrava a cumprir e isso me frustrava (muito!).
Hoje olho pra trás e me pergunto: eu queria atender a quem? A mim ou à
exigências do que os outros esperavam de mim? Isso me dava estímulo pra
continuar ou me deixava ainda mais pra baixo?
Sabe, depois dos meus 30 anos, naturalmente comecei a pensar mais em mim. Não é egoísmo, não.
É um pouquinho daquela autoestima lá, que aos 22 anos foi se perdendo, e
agora começou a demonstrar vestígios. Como é bom encontra-la
novamente!!!
E há também um outro fator importante, que
gradualmente tenho entendido cada vez mais o que meus pais me cobravam,
para o meu bem: MATURIDADE, acompanhada de responsabilidade. Um dos mais
belos presente para as mulheres balzaquianas que, graças a isso, passam
a enxergar tudo a partir de um ângulo diferente.
Eu sei que toda
faixa etária há certas cobranças em jogo. Agora nos 30 e poucos anos -
hoje tenho 34 anos! - , por exemplo, são casamento, filhos, status
social, casa própria, carro etc. Algumas delas eu já conquistei por
livre e espontânea vontade e não foi pra agradar a ninguém, não.
Mas o que ainda não foi alcançado, eu vou fazer do jeito que eu acho que deve ser. No ritmo que eu acho que deva ter. Tenho Linfedema, certo?!
Sinceramente, hoje a minha preocupação é meu bem-estar.
Não é estar presente em todos os eventos e lugares, se eu sei que isso
vai me cansar e me afetar. Não é ter filhos, antes que eu tenha uma vida
confortável para que eu possa me dedicar à maternidade o quanto desejo.
Não é deixar de trabalhar no que desejo e deixar de projetar uma vida
melhor para daqui 2 anos, para estar de acordo com planos e atitudes que
não dizem respeito a isso. Chega de rolezinho, né? rsrs
Enquanto muitos ao meu redor já cruzaram a linha de chegada em diversos
aspectos, eu estou aqui no meu ritmo, afinal, tenho uma limitação
importante. E tenho certeza que minha jornada não deve ser desmerecida
devido a isso, mas deve-se sim de aplicar a MATURIDADE e entender que, para que
eu consiga conquistar algumas coisas, eu tenho que abrir mão de muitas
outras.
E posso falar a verdade? Isso tá sendo ótimo para mim!!! Tô
amando muito tudo isso!
Balzaquiar faz bem, sabia? É colocar em
prática toda aquela vontade em conquistar o mundo da década passada, mas
com segurança, autoestima e MATURIDADE.
Ah...! Como é bom ter
certeza de que estamos indo pro caminho certo, apenas por ter
consciência de que temos que agradar apenas a nós mesmas.
Eu nasci pra te conhecer, 30 e poucos anos!!!!